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um blog de desabafos, alegrias e tristezas, revoltas e euforias, o meu espelho, com uma (agora) pitada de diletantismo.

sexta-feira, novembro 26, 2004

Fazenda 

Voava até ao interior do Brasil. Voava também para trás no tempo.

Tinha uma casa por minha conta, enorme, uma fazenda. Mobília de madeira escura, rústica, o chão rangente sob os meus pés, os tapetes bordados, bem como os panos sobre as mesinhas no corredor que tinham um pequeno altar de oração. As cortinas eram suaves e brancas - espreitava por elas, para a janela, e tocava os vidros soltos e frágeis, olhando o ar puro lá fora... magnificiente!

Os quartos não teriam mais do que uma cama alta, de colchão duro e colcha branca, uma mesa de cabeceira com um candelabro tapado e uma caixa de fósforos ao seu lado. No armário, de portas até ao tecto, guardaria os meus vestidos, suaves, de manga curta e saia até aos pés, e os meus chapéus bonitos.

A cozinha, secção quase separada da restante casa, teria muitas "sinhás" minhas amigas a preparar as refeições com gosto: separavam os feijões, o arroz, os legumes, o café, os cereais, o chocolate. Tudo genuíno, tudo em bruto, tudo virgem.

Ao passar pela sala sentiria um espaço frio. Não era desconfortável, porém. Muitos sofás, tapetes em pele animal no chão, em frente da lareira gigante ainda em cinzas da sua última utilização. Bustos de javali nas paredes, quadros campestres sem autor, vários candelabros sobre as várias mesas de madeira rústica. Sinto o chão ranger e saio pela porta principal.

Descendo as escadas veria toda a fazenda, com um verde monstruoso, que continuava para além da minha visão do horizonte. Ora caminhava sem rumo, colhendo malmequeres, correndo em direcção ao sonho do sorriso que esboçava e fazendo esvoaçar um dos meus vestidos... ora montava um cavalo, desistindo de tentar escolher o mais bonito, e cavalgava pelo campo fora, rasgando o vestido, sentindo o vento fresco bater-me na face. Cansada, sentar-me-ia sob um limoeiro, fechando os olhos e sentido o ruído da fauna e da brisa sobre as folhas.

Seria este um dia-a-dia ideal, a fuga para um outro mundo dentro do mesmo onde se viviam barbaridades ainda naquela altura. Com quem quer que fosse a conviver comigo nesta fazenda, sei que acordaria garantidamente mal o sol nascesse; e, antes da vivência de mais um dia, com afazeres na aldeia mais próxima ou simplesmente na lida da casa, sentar-me-ia todas as manhãs com um sorriso rasgado na mesa imperiosa da sala de jantar. Servir-me-iam café fresco, leite do dia, pão acabado de sair do forno, com compotas confeccionadas pela sinhá mais experienciada, sumo de frutas frescas, bolos de diversos sabores...

Poderia até ser uma jovem professora a leccionar a escrita e a leitura na única escola da aldeia, aos meninos das fazendas mais próximas. Seguiria assim a minha rotina, acompanhada pelas minhas amigas negrinhas no caminho de coche até casa, fechando-me com elas no quarto e descrevendo o homem por quem me apaixonara, contando peripécias que culminariam numa gargalhada ingénua. As diferenças entre as pessoas estariam estipuladas sem que eu pudesse impedi-lo, mas lidaria sempre com todos de igual forma. E estaria apta a viver num mundo diferente daquele em que vivo hoje.

Cabocla. Sonho com isto.
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quarta-feira, novembro 24, 2004

"so pakele sair do topo" 

Tenho tido várias ideias para escrever, mas infelizmente o tempo não me tem surgido em abundância. Posto isto, e como estou numa fase mais luminosamente-assente-abaixo-a-neura, e ainda para fazer a vontade ao Pedro, aqui deixo breves linhas para tirar do topo do blog aquele outro post.

Até breve
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sexta-feira, novembro 19, 2004

Negative 

Não gosto de intrigas.
É terrível quando se geram atritos entre as pessoas.
Não gosto de ser intolerante.
Custa-me que os outros sejam intolerantes.
Detesto pensar que algo me está a desagradar.
Detesto que algo me indigne, ainda que eu não tenha culpa disso.
É assustador pensar que o Mundo vai tão mal.
Tenho medo da doença.
Tenho medo dos terramotos...
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quarta-feira, novembro 17, 2004

Médicos - malditos?! 

Ontem até estava a elogiar o carácter não muito dramático da reportagem da TVI sobre as Urgências no Hospital de Sta. Maria...

...e eis que tudo se inverte quando oiço uma doente (ou melhor, utente, não se vá desligar do serviço burocrático que, afinal, é aquilo de que eles se queixam sem saber), até bem jovem, dizer: "isto não se admite... a gente esperamos, esperamos, e os médicos lá estão, sem fazerem nenhum".

Explodi. Pensem lá o que quiserem, se acham que eu só digo estas coisas por a minha Mãe ser médica. Tudo bem, tem a sua influência, mas também me dá garantias do que digo, porque sei bem que a minha Mãe não é a única médica que muitas vezes trabalha das 9h da manhã às 10h da noite. "Os médicos trabalham pouco e ganham muito", dizem outros. Tudo bem: uns ganham; outros, acreditem, nem tanto. Todavia, mesmo aqueles que ganham rios de dinheiro, ganham-no com muito, senão o maior mérito de todos os ofícios. Estudaram anos e anos, o dobro ou o triplo do tempo que essas "utentes" estudaram. Muitos tiveram de trabalhar arduamente para pagar livros, que cada um chega frequentemente aos 100€. Dedicaram-se de corpo e alma aos livros, à compreensão do corpo humano, noites a fio, incluindo aquelas em que os "utentes" estavam na farra a divertir-se.

Portanto, se hoje todos estes Doutores tiverem a sorte de ganhar bem, não digam que eles não merecem. E, ainda que haja uma mínima fracção de médicos que não trabalhem muitas horas por dia, cada minuto que eles gastam a aconselhar os seus doentes equivale a muitas horas de estudo e dedicação - para ajudar muitos daqueles que insistem em dizer mal deles.

Negligência médica, essa é outra. Muito boa gente persiste em não se lembrar que os médicos não são máquinas, são seres humanos que, tal como esses utentes, têm o direito de errar. Com certeza não erram numa cirurgia voluntariamente; antes moem esse infortúnio para o resto da vida. Se um dia essa gente da função pública tiver dores de cabeça e exigir baixa (partindo até para a violência, e acreditem que sei do que falo) para não trabalhar, ou simplesmente chegar às 17 horas e disser "vou-me embora, não sou paga para estar aqui mais tempo", parem para pensar: um médico, ao ver gente a morrer, vai para casa?

Se as pessoas esperam horas e horas nas salas dos hospitais, não é porque os médicos estão nos seus gabinetes sem fazerem nenhum. Aliás, desdobram-se para atenderem ao maior número de pessoas mas preferem sempre fazer tudo com calma, para um dia não os acusarem de negligência. A questão é muito simples: não há médicos. Ou esquecem-se que todos os que aspiram a esta profissão, têm de se desfazer em sacrifícios (e tantos que não conseguem!...) para conseguirem entrar na Faculdade de Medicina? Porque não há lugares? É tudo questão de burocracias: bastava terem construído dois estádios a menos para o Euro 2004 e já haveria um "depósito" para todos esses jovens que aspiram, por todos os meios, alcançar um dia esse ofício tão mal respeitado.

Sabiam que os médicos portugueses estão entre as cabeças de lista dos melhores de toda a Europa e até mesmo do Mundo?

Queridos "utentes", este assunto definitivamente deixam-me em transe. Sabem o que vos digo?
Quando tiverem problemas de saúde, seja por necessitarem de um atestado para fazer exercício físico, seja porque andaram a fazer asneiras nas estradas e se espetaram... olhem, mais vale irem para casa e não recorrerem aos hospitais e aos médicos, já que não gostam deles.
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domingo, novembro 14, 2004

Sábado de sol, passeio dos tristes por Portugal  

Catarina Júlio, minha estimada acompanhante nesta sábado aventureiro. Ela e o seu confortabilíssimo popó apanharam-me em casa depois do almoço e... lá fomos nós!

Sossegadinhas na faixa da direita apercebemo-nos que ninguém deve saber que a A8 é perigosa, ninguém deve ver as reportagens sobre morte na estrada, estão todos cegos e surdos, acham todos que Fiats e afins são carros seguríssimos e, sobretudo, têm um fetiche por cheirar o rabinho dos popós da frente quando vão a mais de 150Km/h. "Matem-se, se é isso que querem, mas deixem-nos em paz", pensámos.

Pouco menos de uma hora de caminho e vimos ao nosso lado uma placa que indicava 250m até à saída para Óbidos. Sim, uma placa ao nosso lado, estática, sem movimento consequente da velocidade. Estavamos de facto paradas na autoestrada, em fila, atrás das outras centenas de carros que tinham o mesmo destino que nós: o Festival Internacional do Chocolate. Desde essa placa até estacionarmos no (apinhado) parque, foi uma hora. Incrível...

Sinal vistoso. Bilheteira: 2€ a pulseira - oferta de um snack Nestlé... e lá fomos nós, muito ingenuamente, despejar os dois euros pela pulseirita, não foi?

A partir daí foi o descalabro em todos os sentidos. Caminhando - ou tentando caminhar - pelas ruelas, víamos apenas o topo das barraquinhas, porque a enchente não deixava ver mais, e o preçário, onde não constava absolutamente nada a menos de 1€. Procurando o interessante e o acessível tropeçámos constantemente nos carrinhos dos bebés, como se já não bastasse às pobres crianças serem arrastadas para o Colombo e o Vasco da Gama nas tardes chuvosas dos fins-de-semana.

Ah! Depois de andarmos uns 200 m em meia-hora lá encontrámos um recinto de exposição, onde finalmente nos obrigaram a mostrar a pulseira. Nova enchente que nada deixava ver - e pior, o que se via não interessava. Também não havia paciência para procurar outras exposições, porque enfim, ninguém é de ferro para aguentar tantos encontrões. Acabámos por não ver as famosas esculturas de chocolate, preservando porém a nossa inegridade física.

Finalmente alcançámos um espaço aberto, junto à muralha, onde a fome não permitiu esperar mais tempo por preços mais agradáveis. Rendemo-nos ao bolo de brigadeiro e a um soberbo chocolate quente. Poucos metros ao lado entrámos numa outra tenda - mais um dos poucos locais que exigiam a pulseira - e comemos um delicioso pão com chocolate, acabado de sair do forno, com uma massa de cozedura no ponto que arrasou connosco.

Pouco mais restava para ver. Nova aventura no regresso ao carro, onde tudo o que era fila se transformava num pandemónio que impedia qualquer espécie de circulação. Em suma, chocolate e muito povo português foram os ingredientes daquela tarde, em parte, agradável. De volta à viatura, porque o dia ainda não estava de todo concluído, fizemo-nos novamente à estrada com uma agradável condutora e um co-piloto, DJ de função secundária, de mapa numa mão e telemóvel na outra a tomar todas as providências para que o caminho não falhasse.

Certo, sabido e previsível é que fomos dar direitinhas à Golegã. Eram oito da noite e, sob uma mera vontade de conhecer a famosa feira, a verdade é que nenhuma das duas sabia como ela funcionava. Por entre ruas e ruelas, meias perdidas, acabámos por seguir, quais crianças a seguir as migalhas para chegar a casa, os betos que indirectamente nos guiavam ao centro. A prezada condutora estacionou o carro, saímos, fechámos bem os casacos e aventurámo-nos pelas ruas cujos elementos permanentes eram estrume no chão, 5ºC no ar e betos, muitos betos nas ruas.

Toca a sentar nos bancos da caravana de fast-food-noctívaga e a começar a segunda dose de alimentação precária do dia. "Sai duas bifanas e dois cachorros!", surgem colegas, amigos e assim se passa o início da noite. Logo depois, o Picadeiro: sim, já conhecíamos a gíria da equitação e podíamos dizer que estavamos no picadeiro, o centro do social, onde pisei muita bosta, onde a pobre Catarina levou com um encontrão de cavalo e onde vimos muitas pré-adolescentes de top da bershka (recordo que estavam 5ºC...) e cigarro na mão, muitos empregados simpáticos, muito movimento, muito fumo de castanhas, muito comércio, muita música (pese embora ficasse um pouco aquém da preservação da cultura nacional...) e, claro, muitos cavalos - e cavaleiros! Inclusivamente pudemos conhecer o cavalo de uma amiga da Catarina, lindíssimo, branco, de olhos azuis, com tranças e xadrez e um pêlo tão macio quanto o do meu coelhinho...

Passeámos, convivemos, apreciámos a moda local e a moda dos visitantes que queriam fazer-se passar por locais, fizemos uma ou outra compra artesanal, fomos rejeitadas por todos os restaurantes onde solicitámos a utilização das suas casas-de-banho, devorámos um algodão doce e sentámo-nos perto do Café Central a conversar. Ao frio, é certo, mas parece ter havido um certo motivo que nos fez esperar ali por qualquer coisa. É certo também que fazia-se tarde e queríamos vir embora, afinal já tudo tínhamos visto... quando começou a fase dos telefonemas, do churro com chocolate que a pretexo dos nervos me vi obrigada a comer, e do impasse entre ficar e ir, ficar e ir. Não houve álcool, o pingo caía do nariz gelado e continuávamos a pisar bosta involuntariamente, mas na realidade não conseguíamos parar de rir e fomos ficando. Com tantos destinatários telefónicos embriagados que nos enganavam dizendo que estavam a chegar e nos faziam esperar mais dez minutos e mais dez minuos e assim sucessivamente, nisto passaram duas horas, os dentes já tremiam e as pernas congelavam. Só voltaram a aquecer quando finalmente chegaram os "malditos", acrescidamente embriagados, que de nós ouviram gritos - dos quais hoje de manhã certamente já não se lembravam.

Para acalmar aviámos mais um pão com chouriço e finalmente fomos embora. "Não tem nada que saber, são 15 minutos em frente na rua à direita do Café Central"; mas efectivamente qualquer coisa se passou e andámos longos minutos sem reconhecer a rua, sem encontrar o carro. "Malditos!", gritávamos, enraivecidas e soltando gargalhadas ao mesmo tempo. Quando finalmente descobrimos o popó, ligámos o ar quente e derretemos ali sentadas, procurando forças para enfrentar a próxima aventura: como sair dali? Golegã, aquele labirinto, em nada ajudou, não fosse um simpático senhor a indicar-nos muito acertadamente o caminho para a A23.

Regressámos a Lisboa, três horas depois do previsto, numa viagem calma graças à bendita calmaria constatada na estrada. Com uma ou outra peripécia engraçada, uma ou outra indicação mais baralhada do co-piloto, um ou outro atchim... ali alimentámos um convívio final muito agradável. E como tudo é bom quando acaba bem... thanks, Cat! :)
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sábado, novembro 13, 2004

CATs at Coliseu dos Recreios 

Não sei bem qual é a minha opinião, mas aqui ficam algumas apreciações.

Em primeiro lugar, começo a achar que deviam proibir fazer espectáculos ou peças na altura do Inverno. Não, não entendo mesmo por que é que toda a gente insiste em tossir tanto. Eu, que estou doente, tossi uma única vez porque me engasguei; de resto, mantive-me silenciosa. Mas claro, tem de haver sempre uma em cada duas pessoas que tosse por tossir, que acha que só se ouve num raio de dois metros à sua volta, quando eu estava num camarote do segundo andar e conseguia ouvir tossidelas de cinco em cinco segundos - SEM EXAGERO - desde a primeira plateia até ao infeliz que estava mais lá em cima e mais longe sem conseguir ver nada do (minúsculo) palco. Será mesmo uma virose? É estranho, porque eu acho que soube comportar-me mesmo com aquele mau-estar-cieiro-nariz-entupido-garganta-arranhada-arrepios.

No que respeita ao espectáculo em si, a primeira parte deixa muito a desejar quando nos apercebemos que a orquestra não é visível e deixa ate dúvidas se estará efectivamente atrás do palco. O som estava modesto demais, não transmitia energia alguma - tanto que as tossidelas se ouviam ainda mais escandalosamente nos momentos de maior serenidade. O cenário manteve-se intacto: a única coisa que se alterava era a porta de um fogão que se abria de vez em quando deixando escorregar um gato...

Tanto no início como no intervalo, simplesmente não existiu pano vermelho. Estaria na lavandaria? Via-se o gato velho com a sua gigante manta, sentado nas escadas, limpando o suor na cara e retocando a maquilhagem com a ajuda de alguns técnicos, visíveis a todas as pessoas que ficavam nos bancos ou iam espairecer no bar. Incompreensível e esteticamente incomodativo.

A segunda parte foi consideravelmente menos monótona. As coreografias, a invasão dos gatos na plateia, a energia arrepiante de "Memories" e a inquietação com "Macavity is not there" conseguiram já absorver-me. O final, com a ânsia de transmitir a frase-força ao público acabou por dominá-lo, através de um coro imperioso que nos ensinava como um gato merece ser tratado. A apresentação final de cada um dos actores e suas personagens suscitou fortes aplausos e assobios de bravura, enquanto alguns mal-educados se levantavam e saíam quando ainda alguns gatos agradeciam passeando pelos corredores.

Tudo é bom quando acaba bem e, de facto, o final de CATs foi, a meu ver, uma surpresa muito agradável. Em todo o caso, e passe aos olhos de alguém presunção da minha parte, não há nada como um helicóptero em palco com Miss Saigon em exibição na Broadway... em Nova Iorque.
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quinta-feira, novembro 11, 2004

Der Martinstag 

Ao chegar a casa, depois de mais uma aula com o caricato José Rodrigues dos Santos, vi na minha rua um cenário engraçado - o que aliás não é de estranhar, não fosse a Júlio Dinis um dos poucos locais agradáveis na zona das Avenidas Novas :D. Vi várias pessoas concentradas sobre carrinhos onde compravam castanhas e bebiam um copinho de água-pé. Aquele cheiro típico aliado à simpática nuvem de fumo a pairar deixou-me nostálgica, sentimento este que me tem invadido com muita frequência ultimamente...

E porque as palavras hoje não me saem, vou apenas lembrar as tardes de S. Martinho no Externato do Parque, a pseudo-reportagem que fiz da Tuna da FCSH em Campolide, os passeios mais ou menos namoradeiros na minha rua ou outras meras irrestibilidades ao sabor quentinho de umas boas castanhas assadas, bem soltas da casquinha, que deixam as mãos cheias de carvão e que... de alguma forma nos fazem sorrir olhando para o Inverno! Identificam-se com a imagem?

Feliz São Martinho! Que os carrinhos das castanhas assadas se mantenham nas esquinas das ruas para que a tradição, nalguma coisa, se mantenha!...

Esqueçam as dietas por um dia e... bom apetite! :)
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terça-feira, novembro 09, 2004

Jo,Gui&Luí... live @ BS 

Valeu a pena chegar atrasada para vê-los, através do vidro, a tocarem sorridentes.

Pouco há a dizer, porque tudo se resume num sentimento que é complicado descrever: cumplicidade. Foi isso que senti, sim, quando vi aqueles três amigos a oferecer as notas musicais que em grande parte apreenderam no Musicentro, nos Salesianos... nos nossos Salesianos. Lembrei-me imediatamente das Missas, das Festas, do ambiente que construímos, dos amigos que fizemos... e da cumplicidade que mantivemos, mesmo sem grande contacto, exposta ali com transparência.

Por entre momentos de maior euforia, conversando com os tais amigos que fiz nos Salesianos, não quis deixar de parar e olhar para a Joana. Cantava um repertório bem diferente dos familiares "É bom cantar" e "Aleluia", transbordando porém exactamente a mesma expressão, a mesma alegria, o mesmo à-vontade.

Entretanto, um "If I ain't got you" arrepiante tornou ainda mais nostálgico o meu pensamento, lembrando o fim-de-semana na loucura de Porto Côvo e arredores. Senti-me honrada por ter passado aqueles poucos longos dias com a Joana, aquela para quem todos, ali, naquela noite, naquele bar, olhavam com admiração.

Não querendo subestimar o meu estimado co-aniversariante Guilha e aquele que, embora não conhecendo bem, sei que é boa pessoa porque faz a Joana feliz, talvez julgue preferencial ficar-me por aqui, não vá a nostalgia chegar ao extremo!...

Pelo convívio, pelo reencontro, pela musicalidade, pelo ambiente, pelos sorrisos... Parabéns aos três. Pela pessoa que és e pelo teu dia... Parabéns, Joana.

Aplausos!
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segunda-feira, novembro 08, 2004

"Carta ao ComenTador" 

Venho por este meio manifestar a minha admiração na sequência de um comentário mais irreverente no meu modesto blog.

As minhas pretensões para este mero Debdiletante não são de todo culturalmente ambiciosas, do qual são comprovadores os meus primeiros posts nos quais expressei a desejo de superar o meu maléfico diletantismo, de resto um problema pessoal, e consequentemente a minha força de vontade em fazer deste blog uma espécie de recipiente dos meus inocentes pensamentos.

Neste sentido alimento em mim um sentimento de incompreensão na eventualidade de ter em alguma ocasião divulgado o grau de riqueza cultural do meu blog, bem como os regulamentos a seguir para torná-lo, aos olhos de poucos leitores e comenTadores, aceitável.

Na realidade, nem a minha própria pessoa em circunstância alguma reflectiu sobre a linha específica de orientação para as palavras soltas neste link. Limito-me, de facto, a escrever sobre algumas das minhas vivências ou simplesmente reflexões que possam passar pela minha cabeça em fracções de segundo. Por seu turno, os citados "temas da actualidade" também já fizeram parte da lista temática aqui abordada, sendo esse um dos pontos que me surpreende nas palavras do dito comenTador. Talvez o mesmo não tenha, noutras ocasiões, passado uma leitura por outros posts mais ou menos recentes e, nesse sentido, tenha declarado que as minhas observações nos transportes públicos, nos quais praticamente não viajo, sejam a única fonte de interesse da minha vida.

Em todo o caso, não julgo que uma reflexão sobre pormenores da vida urbana, quer eles aludam aos chamados betos, mitras ou velhoTES (nunca tratá-los-ia por "velhos") seja um aspecto negativo. Bastava ao senhor comenTador interessar-se pelos órgãos de imprensa que abordam verdadeiros temas da actualidade para depressa verificar que cronistas de muito boa qualidade não se limitam a falar sobre as Eleições Americanas ou os problemas acarretados pelo Sr.Primeiro-Ministro.

Não compreendo de todo a sua "crítica construtiva", senhor comenTador. Não creio que o seja, dado que, como aqui ficou exposto, nada do que disse foi fundamentado.

Posto isto, posso afirmar que consigo sim abordar diversos temas, com maior ou menor conhecimento, cultura, maturidade, inteligência, pertinência ou interesse. Contudo, creio que abordagens simples do quotidiano não deixam de suscitar a visita de várias pessoas, para cuja reflexão eu posso, modestamente, contribuir.

A propósito, quem faz uma "crítica construtiva" geralmente não se rende ao anonimato e dá sim a cara para discutir a sua ideia. Lamento ter de recorrer a este meio público, mas o senhor comenTador não me disponibilizou outra alternativa. Por fim, declaro que estou aberta a qualquer crítica, e agradecê-la-ei com entusiasmo nesta minha luta contra-diletante, desde que a mesma se muna de fundamento.

Atentamente,
a blogger, Débora
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quinta-feira, novembro 04, 2004

The America... the World 

Creio que no meio de comentadores, editoriais, discursos ou meros fóruns em que se discutem opiniões, não me leva a lado nenhum nem interessa de resto a muita gente que eu diga alguma coisa sobre este assunto.

Sobretudo quando já está tudo decidido.

Então, para não me inserir na crítica de José Pacheco Pereira quando afirma, hoje no PÚBLICO, "sempre achei estranho que os editoriais dos jornais se transformem em textos de conselhos e de desejos políticos", e como acredito (ou quero acreditar) que ninguém, quer seja o Presidente dos Estados Unidos ou o génio Osama Bin Laden, consiga orientar um Mundo inteiro sozinho, e tão-pouco que outras pessoas os orientem, fico-me pelas observações.

Num país grandioso, a qualquer nível, como os EUA, onde o estrelato artístico é uma metonímia da forma como o mundo olha para ele, é curioso como o voto de três milhões de miúdas loiras estilo Britney Spears, que não sabem nada da História que vá além do tempo em que começaram a colonizar a América, tenham decidido o futuro do nosso Mundo.

Gosto de (ou melhor, teimo em) ser assim, exagerada, pragmática, radical, ingénua, o que me queiram chamar. Não vou deixar de achar que o dia de ontem foi o (novo) ponto de partida para que um dia destes eu ligue a televisão e volte a ver que mais alguém se fez explodir num autocarro, que mais dois monstros decapitaram meia dúzia de reféns inocentes ou, quiçá, que o Empire State Building se desfaça em bocados.

Contudo, simultânea e paradoxalmente também não vou deixar de achar que não é uma pessoa que vai prever o futuro, que vai criar os acontecimentos cujas imagens vão aparecer na televisão que vejo à hora de jantar com a minha Família. Até porque essa única pessoa é humana e comete erros, tal como nós cometemos sem admitirmos que eles também prejudicam o nosso mundo e afectam o seu futuro. Se o homem é egoísta, caprichoso ou simplesmede idiota, essa é uma questão que faz eco mas que já não ecoa resposta. Afinal, "como é possível que, após meses e meses de ataques cerrados e de índices de popularidade abaixo dos 50 %, George W. Bush tenha ganho a eleição com mais votos que há quatro anos - aliás, com mais votos que qualquer outro candidato na história da América?" Talvez a resposta seja simples: o caos instalado é de tal ordem que já só queremos depositar a confiança em quem se mostra confortável no meio, em quem sorri enquanto discursa sobre o Terrorismo.

E porque este tema me sufoca e não me deixa ter uma opinião própria, vou render-me à concordância com um tal vendedor de Pequim, suspirando: O mundo já é uma confusão, para quê começar mais guerras?

[PS- Para que fique registado aos que se interessem, escrevi este pequeno texto, na íntegra, hoje de manhã, quando ainda não tinha dado conta de um dos comentários ao último post. Já a revisão fi-la depois de ler o tal comentário, mas nada foi removido senão falhas gráficas]
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