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um blog de desabafos, alegrias e tristezas, revoltas e euforias, o meu espelho, com uma (agora) pitada de diletantismo.

sexta-feira, março 11, 2005

O nosso Mundo 

Não consigo expressar-me neste ponto pois sei que muitas vezes passo por pessimista ou pela "defensora dos pobres e oprimidos", como costuma dizer a minha irmã.

Não posso no entanto deixar de expressar sucintamente a amargura que sinto quando coloco em mim a perspectiva geral do Mundo.

Já não falo da posição humilhante das mulheres em tantas comunidades deste terreno que partilhamos, porque me enoja a existência de seres (que não são humanos, definitivamente) que não têm qualquer espécie de respeito, consideração, valores, princípios e aí por diante. Frequentemente admito-me ingénua, como agora, mas será assim tão ridículo pensar que se esses seres vivessem na pele os males que oferecem aos outros, deixariam de cometer loucuras? Será que o que sempre aprendi na escola sobre não fazer aos outros o que não gosto que me façam a mim, não é gritado aos outros povos? Não me falem em Ocidente, porque caramba, partilhamos todos o mesmo solo, o mesmo sol, a mesma água, o mesmo ar. Somos animais racionais e atravessámos conjecturas, culturas, paradigmas durante tempo suficiente para termos hoje um pouco mais de bom-senso.

Mas não. Parece que esses bichos (que nem são bichos, pois os bichos sabem mais do que eles...) não se lembram que só se reproduzem graças à mulher, e teimam em bater-lhe, humilhá-la, desprezá-la. Enquanto isso, outros já não tão selvagens (talvez abichanados...pois) parecem já ter sofrido uma dose de pedagogia e aprenderam a respeitar essa Mulher, embora a flor oferecida no dia 8 de Março não signifique que a ajudem nas tarefas domésticas, de Mãe, de hiperactiva...

Envergonho-me deste século XXI, pois se tivesse vivido em séculos passados ainda manteria a esperança de encaminhar o nosso Mundo na direcção certa, acreditando que um dia seríamos efectivamente uma sociedade una, sem rancores e interesses escondidos. Hoje já tudo é irremediável e perante essa certeza cada um de nós torna-se ainda mais egocêntrico e egoísta. Mas não temos culpa. Face à fragmentação de tudo em nosso redor, só os Popeyes e outros heróis, que no fundo não existem ou pelo menos não são eternos, conseguem esquecer o seu individualismo para dar um contributo ínfimo àqueles que se sentem mais deslocados deste círculo no qual todos têm de tudo um pouco. É inevitável que tenhamos passado a pensar apenas em nós próprios.

Hoje... hoje preferimos vaguear por este campo desportivo, em que os mais ousados pisam o campo alheio com a intenção de o derrubarem, sem olhar a meios para alcançarem o poder. Do lado oposto, os invadidos revoltam-se e ingerem qualquer coisa de diabólico, desculpando-se com crenças para aniquilar os outros, oculta e cobardemente. Animais que aparentemente perderam a sua racionalidade, que matam sem piedade, que esfaqueiam, que abatem, que espancam.

Enquanto a ousadia destes a que chamam "mais fortes" actua no nosso Mundo, os intelectuais franzinos trancam-se nos seus laboratórios e prevêem o nosso futuro. Em breve, sim, muito em breve não teremos o combustível de que nos tornaram forçosamente dependentes. Em breve morreremos congelados ou incendiados pela fraqueza de uma protecção que há milhares e milhares de anos nos concederam sem pedir nada em troca. Destruímos o nosso espaço aos poucos, dolorosamente, tal como se cortássemos um homem às fatias a sangue frio. Não, a Natureza não é menos do que o Homem, pelo contrário. É vergonhoso termos um dia pensado que sim. Em breve não veremos o alimento a desabrochar da terra e não teremos o que comer. Em breve não teremos árvores e consequentemente ar para respirar. Em breve não teremos água para beber.

É frequente que na vida os fortes encontrem sempre uma forma de resolverem os seus problemas de escassez a qualquer nível. Senhores, detentores do poder e do dinheiro, julgam todos os obstáculos ultrapassar, obcecados pela ambição e ganância de conquistar sempre mais. Pois lamento, mas os seus filhos, que com certeza amarão (porque afinal tudo o que é "seu" é amado e protegido), morrerão inocentes, vítimas de tudo o que as gerações anteriores contribuíram na destruição do Mundo ao qual foram trazidos.

E nós, que muito já desejámos o extermínio dessa gente, hoje gostaríamos de criar a vida eterna para que os verdadeiros culpados pudessem sentir o seu corpo cortado às fatias, ao mesmo tempo que morreriam lentamente asfixiados, à fome e à sede.

Too late. |

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