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um blog de desabafos, alegrias e tristezas, revoltas e euforias, o meu espelho, com uma (agora) pitada de diletantismo.

quinta-feira, setembro 30, 2004

Cabecinha 

Acho que isto é, de certa forma, um segredo meu. Mas a cabeça às vezes explode...

Teimo em pensar em coisas que teimo em achar que não lembram a ninguém mas sobre as quais teimo em acreditar que não posso ser a única a pensar.

Penso na vida.

Penso constantemente no grau de transparência com que transporto o que sou para aquilo que exteriorizo e que os outros acabam por perceber de mim. "Os outros", sim, aqueles que todos dizem que não interessam mais do que nós mesmos mas que no fundo são os que nos criam, que constroem o todo que nós somos. Como dizia a minha Prof. de Português no Secundário, Mariana Moura (aquela com quem impliquei por não me dar mais de 16 e a quem até hoje não fui capaz de confrontar com o meu 18 no Exame Nacional, mas... o certo é que me lembro dela com grande consideração), a propósito da abordagem d'OS MAIAS, "o meio é que constrói o indivíduo" e, como também afirmou a minha Prof. de Sistémica e Modelos de Informação, Graça Simões, "o todo é mais do que a soma das partes".

Quero eu com isto dizer que os outros fazem o que sou hoje mas a minha essência, por assim dizer, é só minha... fui eu que a construí por mim própria, não sei se por aprendizagens, ou se inata, genética... não sei. Não sei mas assusta-me a hipótese de que eu não tenha a minha essência consolidada (daí aquela turva pergunta, se vocês, "os outros", achavam que eu tinha dupla ou múltipla personalidade...), de que eu não me conheça de todo, e sobretudo que os outros não olhem para mim achando que tenho algo mais para dar, ou que sou uma pessoa diferente consoante as companhias com quem estou.

Sinto isso, por exemplo, com a minha Família. A minha Família sabe que eu não uso as mesmas expressões, os mesmos sorrisos, a mesma cabeça cabisbaixa ou sobretudo os mesmos assuntos quando estou com ela ou com os meus amigos. Em todo o caso, não considero isso positivo nem negativo. Porque no fundo acho que, pelo menos os meus Pais, conseguem de alguma forma ver em mim o esforço em ser uma pessoa prestável, sensata, boa e... sensível. E é isso que não sei se "os outros" vêem.

De qualquer forma não foi isto que me levou a escrever. Aliás, não sei ao certo o que vim aqui expor. Nem tão-pouco sei porque me exponho. Nem quem se interessa pela minha exposição.

Vim mais porque tenho tido daqueles dias que propiciam uma enorme diversidade de sensações. E elas confundem-se, perguntando-me se eu serei de facto multifacetada (em grau elevado) ou se é simplesmente normal pensar as coisas. É, eu de facto vou admitindo que tenho a mania de reflectir sobre pontos ínfimos, observações simples, julgando na minha presunção que mais ninguém se preocupa com o mesmo.

Não gosto do que estou a dizer.

Em termos práticos, simplesmente têm surgido dias de maior e menor motivação na sala de aula, convívio entre colegas, crença num futuro realizado, tolerância no ambiente familiar, lucidez nas decisões do quotidiano, força de vontade e bom-senso no empenho, rigidez na reflexão de sentimentos, compreensão dos últimos "frios na barriga", prestatibilidade nas ocasiões certas, versatilidade nas posições casa/escola/trabalho, correcção na avaliação de atitudes... enfim, uma salganhada de embróglios atrapalhados a amontoar-se e acotovelar-se na azáfama da minha incoerente, inexpressiva, incompreendida e incompreensível... cabecinha.

Falhou-se-me o fio à meada. Hei-de tentar melhor que isto.

(Perceberam? A minha essência é exactamente querer pensar primeiro que os outros e desistir quando realizo que os outros também pensam, reduzindo-me à minha insignificância e incapacidade de expressão.)
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quarta-feira, setembro 22, 2004

Cinzento 

Apesar de o Outono ainda não ter regressado, o que em todo o caso não me incomoda nada, o certo é que estes dias de sol ou de nuvens que abafam o ar me têm suscitado dias cansativos. A tal rotina que receava já começa a dar ares da sua graça e fico desmotivada.

Às vezes não consigo aceitar, conformar-me ou pelo menos ficar satisfeita com a vida que levo. Às vezes canso-me dos meus dias, do caminho em que me meti, convencida que sei muito da vida e que escolho o futuro certo para mim. Pelo meio reflicto e nada concluo. De vez em quando lá mando uns disparates para o ar, achando que penso em algo em que mais ninguém pensa, acreditando ingenuamente que o que é preciso é dinamizar, projectar, mexer e inovar.

Não chega. Sobretudo é preciso não ter dias destes.
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quarta-feira, setembro 15, 2004

Vilamoura, 31 Julho a 7 Agosto, 2004 - Creio que vale a pena ler, FINALMENTE 

Milhões de pedidos de desculpa a todos aqueles que vieram cá na esperança de que fosse aquele o dia em que eu postei sobre Vilamoura. O facto é que tive tempos de nostalgia desinspiradora, tive tempos ausentes, tive tempos de estudo e tive tempos em que perdi folhas importantes (sim, porque nada como escrever manualmente, numa caligrafia que reflecte bem o espírito com que se pensa no assunto). Em todo o caso, aqui está ele, embora mais de um mês atrasado, com toda a vontade de ser partilhado convosco. A todos aqueles que estiveram presentes, espero que sintam nestas palavras exactamente o que sentiram quando viveram os momentos aqui descritos; a todos os outros que não experienciaram estes dias, desculpo-me por alguns maus termos ou outras passagens menos claras que vos impeçam de entender o seguimento da... “história”. Disfrutem.

Há muita coisa que se pode dizer, de facto. Muita coisa em forma de turbilhão - algum semelhante àquele que vai na minha cabeça, quando me lembro de todas as "pequenas coisas" (sim, o J&B também esteve presente) que fizeram parte destes dias.

150 € dolorosos mais 28 € que, inseridos no contexto da diversão, parecem ter custado menos a dar pela casa. Hugo, Pedro, Manel e Carolina já presentes em Vilamoura. Bekas apanha Xico Amaral, Debbie (como passei a ser tratada), Miguel e Joana. Encontramo-nos nas bombas de Alcochete com Tita, Jonas e Tiago. Mais tarde, de comboio, chegam a Rita e o Zé, aquele que era tão pequenino nos tempos da Ester. E quase na fase de rescaldo das férias, o Xico Bernardes também marca presença na casa(rona).

Piscina, nossa amiga. Ajudante nas manhãs mal dormidas (todas), palco de jogos de vólei com uma rede imaginária, de muitas bombas, dos mergulhos de uma Joana aprendiz, mas principalmente de muitos gritos, danças e gente posta na água involuntariamente. Roupa molhada a secar nas cadeiras que custavam 5 €.

Makro, nossa amiga. Colaboradora no esvaziamento das carteiras, dos cartões multibanco que funcionavam quando a Débora não estava por perto. O nosso dinheiro juntava-se no Fundo Maneio, usado para o pão matinal que o Miguel - a "chita" - chegou a trazer numa manhã depois de uma corrida fiel aos seus treinos de Corfebol. É certo que só a conseguiu no primeiro dia. Depois disso as forças iam e já não vinham, mas a vontade de fazer render o dinheiro, o tempo, a casa e as temperaturas conseguiu que nos tivessemos divertido... muito.

Noites, nossas amigas! Uma noite de Liberto's na companhia dos bifes (cujo regresso ficou marcado pelo diálogo proferido em língua alemã entre o Miguel e a Bekas, em frases que ambos não entendiam de todo, como “Ich will ins Bett mit dir ZU gehen”... ah e impensável seria alguém se meter com os assuntos dele sem ouvir com um “deves ter muito a ver com isso, tu”), outra noite em casa (triste quando o álcool dá para fazer chorar...) e as restantes no Klube. Na casa, a nossa casa na Travessa das Amendoeiras (será? Não me lembro, passava lá sempre muito depressa e muito ocupada a cantar) comiamos o churrasco com carne da Makro, que quase ardia o jardim lá fora, comíamos o arroz da Debbie que colaria na parede se a ela fosse atirado e bebíamos o que houvesse para beber. Por exemplo, a sangria, docinha, docinha, escorregou que foi uma maravilha. "Deixem-me só ir lá a cima ver a Joana, que tem a cabeça "amolgada" “ e eis que, quando volto, está a mesa feita num oito e não há um que não tenha os olhos revirados, o corpo a cambalear ou o copo na mão... E quem não tem, reclama: "o meu copo, c******?!" (né Hugo?). Todos riem que nem perdidos e o Jonas não esquece: REGISTA! Ora a dada altura já ninguém consegue registar nada, dado o bom uso feito do Fundo Maneio naquelas garrafinhas que preenchiam um móvel que custaria uns 500 contos. Fossem quantas fossem, já tudo era visto em duplicado. Smirnoff de todo o tipo, Safari, Bols Blue, Absinto, Batida de Côco, X on the Beach e muita cena censurada lá fora... you know?


Todos sofreram pequenas humilhações; numa semana é difícil que alguém não seja gozado.

Logo no primeiro dia, por exemplo, a coitada da Bekas adquiriu nacionalidade de leste e o seu nome passou a ser "SOSTROVA". Pouco tempo levou para que também divulgassem, até no seu carro, o pobre nome de Isaurinha. O Miguel chamava e a Bekas respondia, já conformada. "Sostrova! Traz um copo com gelo. Rápido, Isaurinha, rápido!"... e ela trazia...

O próprio Miguel não ficou atrás. Depois de ceder à asneira de enfiar a pseudo-bóia amarela dentro dos calções, o seu chourição passou a ser alvo de bocas tristes tanto que, era tal o excesso de imagem contra a escassez de actuação, se transformou num chimarrão: bom de nome mas por vezes um fiasco!

Em contrapartida, com o Pedro ninguém podia gozar sem que apanhasse com o habitual "XUPAMOS", que alguém tentava requintar, adaptando para "esbringa-me o zbu". Mesmo que a conversa não fosse com ele, não hesitava em resmungar: "Mas calas-te?!", muito gozão. Insistia diariamente "amanhã vamos para a praia cedo"... mas nenhum dos gatos pingados levava o pedido a sério.

O Manel não começou bem as suas férias na casa algarvia. Tudo aquilo em que pegava acabava por lhe escorregar das mãos ou até por se partir, e aí corriam todos para a porta do armário da entrada onde o preçário assustava qualquer um. A Ju, auto-apelidada de "esbelta sereia" (em pronúncia brasileira), chegou mesmo a partir um copo enquanto dançava, sentada, na posse das mãos da Carolina (ou simplesmente Xuxu). Mas no fim foi "tránquilhe": para quem gasta à volta de 70 contos numa semana, 7,50€ por um copo não é nada, you know? O Manel foi, realmente, o mais azarado: uma amolgadela num Corsa vermelho valeu-lhe (se é que chegou a valer) 300€. Teve graça.

Mas recuando. "You know", aí está. Ou, eventualmente, “wisst du”, que é como quem diz o mesmo em almeão, para aquelas alturas em que já ninguém me conseguia ouvir a dizê-lo em inglês.O Jonas esteve muito bem quando, tentando roubar os direitos da autora Dévilovski (ou, como ele me chamava, "efervescente", devido à minha "contagiante energia"), destruiu toda a essência da expressão, saindo-lhe um vergonhoso "Are you know?". Talvez alguns não tenham chegado a perceber de onde surgiu tal expressão tão pouco enervante. É de Nelito Moutinho, personagem da novela "Celebridade", a sua verdadeira autoria. "Celebridade" e "New Wave", ora aí estão as minhas inocentes vitaminas diárias que o impiedoso sexo masculino tantas vezes impediu que eu ingerisse. Um tal de Xico Amaral fazia o favor de ligar todo o santo dia para o famoso e simpático homem da TV Cabo que sempre deixava o ecrã negro.

Foi em torno deste horário nobre e com palco no rés-do-chão da dispendiosa casa que se desenrolou a maioria dos episódios marcantes desta semana. A bela Makro e o chulo Alisuper (onde meia dúzia de tomates, uma alface e um garrafão de água custam 5€) abasteceram-nos sempre de doses avantajadas de batatas fritas, atum, muita bebida, carne fora de prazo, fruta e, claro, os iogurtes de banana do Xico.

Ao jantar (que para ser servido exigia muitos prévios "Vão tomar banho, porra"), o churrasco tinha outro sabor depois de esfregar o carvão no nariz de porquinho da Bekas Alexandra. Não me vou esquecer da imagem do Hugo, repetindo o conteúdo da sua t-shirt “Kein Job, kein Mädchen, kein Geld...kein Problem” enquanto assava a carne sob a luz que o Manel-J&B colocava romanticamente sobre ele. A noite protagonizada pela refinada sangria do tio do Pedro, que contou com avultados litros de Vodka, X on the beach (não, não era Sex on the Beach, porque eu li a garrafa... sóbria) e, claro, vinho, lançou para o estrelato muitos dos presentes. Entenda-se: as estrelas que deram show no fim viram estrelas... you know? Um brinde "a nós, a elas e a nós dentro delas", um brinde à Ester e outros sem razão aparente levaram à agressividade do Hugo em "OlhócopófilhadaPUta", às palavras atropeladas da Rita (que também não foi poupada pelo registo em vídeo), ao desespero da Débora e do Pedro em "Copo!Copo!Copo!" e "preferem maçã, limão ou laranja?" e às rimas fabulosas do Miguel, que passo a citar "Vamos à praia do machito (?!), lá é que é só pito" e "a Bekas lava a casa-de-banho e depois leva com um deste tamanho! To-ma!..."

Essa noite foi sem dúvida a mais registada. Desastres repetiam-se à volta da mesa de jantar enquanto, do outro lado do móvel que custava 300 contos, um tal de Hugo-com-ar-de-chulo e uma tal de Bekas-bêbeda dançavam com muita cumplicidade... para mais tarde recordar. Sim, por esta altura a Bekas já nem queria saber da espanhola: quem quisesse fazer barulho, estava à vontade. Ao lado da TV aqui a parvinha tentava em vão imitar as coreografias da Britney Spears e, lá fora, a cabeça amolgada da Joana provocava movimentos de prazer sob as massagens da Tita e outros tantos levitavam como se estivessem na superfíceie lunar, não esquecendo os recuerdos depositados na nossa cristalina piscina (explicitando, bandeiras ou bolas de golf).

Todos passaram pelo triste fado do andar cambaleado, até mesmo aquele tal de Rogado (ou Robalo, como julgava a Carol) a quem eu insistia em perguntar quem era, que acabou fã do Guronsan e correu para vomitar no jardim quando o caminho para a WC era 50% mais curto. Enquanto isso, no sofá, o Pedro esclarecia os mistérios do homem com as meninas e riam-se ao falar da pin*cada.

À excepção desta noite, o ritmo habitual à mesa consistia na impertinente pergunta sobre para onde íamos sair e que toilette íamos usar (ou eu ia usar, visto que quase mais ninguém se preocupava com o assunto). E depois de muitos gritarem "Vai-te vestir, Débora, que com essa roupa não sais à rua connosco", lá desesperei por longos minutos defronte da minha mala (a maior da casa, que vergonha) a tentar pôr-me... decente. Talvez só não tenham implicado na fantástica festa ALOHA, para onde levei uma vestimenta precisamente com esse nome. E, descendo as escadas ainda de casa, já estava com certeza algum "lhouque" a preparar meia dúzia de shots em chávenas de café para a meia dúzia de "lhouques" que alinhava. Creio que nenhum shot chegou a ser do agrado de ninguém durante aqueles 7 dias.

Por essa altura, finalmente, acabavamos por sair de casa. Uma, duas horas da manhã? Sim, na maioria das vezes. Nalgumas noites, quando o tempo permitia, marcámos presença no centro (do) social da Marina de Vilamoura: o Pier One. Só depois de revitalizados por ali encontrarmos pessoas, reduzida percentagem que possuía o estatuto de amigo, que não víamos há largos anos, é que nos sentíamos aptos a seguir para o fabuloso Klube. No entanto, o café era imprescindível antes de uma noite que sempre prometeu. E foi na corrida a ele que caímos na tentação de comer um ou outro crepe e que desesperámos com as caixas Multibanco que todos diziam ser eu a estragar, enfim azares de certa forma compensados quando, em Albufeira, bebemos meia dúzia de cafés que nos "esquecemos" de pagar!

Impensável seria não mencionar as viagens de automóvel que fomos naturalmente obrigados a fazer. O carro feminino foi, indubitavelmente, “o mais animado”, como dizia a Carol. Ao volante do brilhante e gigante ML ia sempre Bekas, A MAIOR, que incentivávamos com "Go Bekas, go go, go Bekas" sempre que entrava numa via com prioridade. Infalivelmente responsável a percorrer as infinitas rotundas da pacata Vilamoura, nunca deixou falhar no rádio a imbatível cassete de Anjos Power. Assim, em qualquer viagem seguia Bekas on fire, Xuxu, Dévilovski, a coreógrafa Ju e, alternadamente, o Miguel ou o Zé-que-era-tão-pequenino. Memoráveis melodias: "Perdoa se peço demais, teus olhos em mim são fa-ta-ais, perdoa se me quero dar, quem mandou a tua luz me enfeitiçar?", "Eu quero volta-a-ar ao ponto de partida, quando eramos um só-ó-ó" e “Fi-ca-rei, mais perto do céu... Fi-ca-rei, mais perto do ma-a-ar...”! Pelo meio, Bekas Alexandra soltava a nova versão do Rui Veloso e cantava alegremente "Jureeeei... que não vais ter uma aventura..." Claro está, um escandaloso penálte. “Burra!”, gritava a Joana.

Ora, chegando ao incomparável Klube, a corrida aos bares era imediata. Neles ficaram marcados episódios caricatos como aquele em que o Hugo disse ao Xico Bernardes para pedir um lénams com gelo e este, depois de várias expressões intrigadas, concluiu "Opá pede tu que depois eu provo". No bar central, por sua vez, tornou-se inesquecível o momento em que o Pedro da OT2, que estava a servir bebidas sob o objectivo de marketing em atrair o sexo feminino, confundiu o brincalhão "vodka laranja com like a virgin" com um bacardi que não existia. E ainda refilou, em pronúncia nortenha: “Mas ‘tás a gozar comeigo?”. Como diria o Pedro (também mulherengo, mas desta vez Amaral), "que troll!"

Outros barmen foram fortemente enganados todas as vezes, das quais perdi a conta, que eu e o Zé-Nuno-que-era-tão-pequenino usámos senhas do dia anterior para pedir uns Malibu-limão a mais - de resto, a bebida que, através da Carolina, viciou toda a gente. Por essa altura a própria Dévilovski já não se ralava com o traiçoeiro gelo e bebia do copo de todos os seus amigos, ora em educados goles ora em brutos copos bebidos de shot com uma palhinha para ela e outra para o Pedro, brindados aos seus futuros filhos Luana e Sebastião.

Regressando à pista (entenda-se, o nosso cantinho com um longo palco rectangular e dois quadrangulares, duas colunas, muita ventilação e gente gira a passar no meio, se é que eu estava em condições de agora poder descrever tudo isto) encontrava-se a Carolina, sempre bombante, com um ar muito feliz. Esticou a mão direita que segurava uma bebida alcoólica e disse "Buba!"; esticou a mão esquerda que segurava um copo com água e disse "Sede!"

Era notável o êxtase do grupo. De cima de um dos tais palcos eu chamava primor ao Miguel, devido aos seus interessantes passos de dança. Em troca surgia o seu dedo debaixo do meu nariz e ouvia aquela voz parva a mandar-me descansar o bico. Quando esta ou outra gracinha, vinha dele ou de outra pessoa (por exemplo o Hugo, um querido, que fechava os olhos enrugados de bebé sempre que eu pedia), a minha mão voava sobre a cara dela numa chapada ruidosa, dolorosa e mais tarde, para mim, constrangedora. Não obstante, tocando o "Come on, Debbie" ou qualquer outro grande som, a paz regressava e com ela os brindes ao Externato a rular e um registo memorável... posteriormente nostálgico.

Enquanto o meu gigante ponto de interrogação também voava no ar klubístico, continuaram a bombar os fénams, os lénams, os zbrings babanas e até os spifans. Loucos da vida gritavam os seus ataques de córne, replicando que eram milhões e que não conseguiam parar. Ironia do destino ou simplesmente afinadas gargantas, o certo é que a Pin*cada não aossou de um grito incessante e frustrante sem resposta.

Álcool a ingerir, chichi para sair... pois é. Pedi companhia à Joana e aprendi, mesmo sem precisar de cair no erro, que nunca se espera na fila da casa-de-banho. Passa-se sempre à frente, justificando calmamente à betalhada que vamos só ao espelho. Contudo, aí sim cometi um erro e aprendi nova lição: não se bebe demais. Nesses casos, acontece o que ali me aconteceu e percebi que não quis a companhia da Joana mas sim a sua ajuda. Socorro na WC, gargalhada na WC, mas saímos aliviadas, pelo menos. Obrigada, Ju!

No regresso à pista, lembro-me que três rapazes me bloquearam a passagem e me pediram que tirasse uma fotografia com eles. Tirei, embora não percebendo, até que um deles me diz que era para fixarem a minha energia, porque todos os dias me viam ali sem nunca parar. Confesso: se não estivesse tão irrequieta, parava ali mesmo a chorar de satisfação. E com esse espírito corri de novo para cima do palco, felicíssima, junto daquele grupo espectacular que me estava a fazer aproveitar tão bem cada momento e cada cêntimo. E eis que, no meio dessas filosofias atabalhoadas, a mebocaína se torna imprescindível para permitir o clímax da noite quando a Nelly Furtado canta COM UMA FORÇA. Não, não há palavras. Nesse momento eu esquecia tudo, todos os "???", os 50 Cent (né meninas?), as intrigas ou deslizes. Desequilibrando-me, agarro-ne a um amigo do meu 9.ºE: porque há sempre alguém para nos apoiar, neste caso com uma força que ninguém pode parar.

Da euforia à insuportabilidade. Chegou a hora de relembrar, envergonhada (como dizia, só agora), algumas prestações da minha parte que, de tão feliz que eu estava, muitos (ou todos...) acharam menos felizes. Todas tinham início à saída do Klube: nunca fiz o percurso para o carro sem ser às cavalitas de alguém. Em todo o caso, é sempre cómico quando um grupo de jovens nortenhos nos pergunta no carro "ides ónde?" e eu respondo descontridamente "bámos aos pánhes!". E foi, de facto, no caminho para os pães com chouriço e as pizzas que despertou em mim uma bomba de boa-educação e quis desejar bom dia e bom apetite a toda a gente (sim, TODA) que passava...

Em casa, mais calma (para não dizer mais podre), comia a minha boa dose de batatas fritas e, umas vezes sem saber como, subia para o quarto e "descansava a cabecinha"... sossegada (ou não).

NO ENTANTO, nunca era totalmente seguro as quatro ingénuas moças dormirem em sossego no seu quarto quando nem todos os elementos masculinos faziam o mesmo. Nesses casos corremos o risco de, entre várias peripécias, a porta do nosso quarto ter ficado amarrada com uma corda à porta do quarto da Tita e do João, sendo que não podíamos abrir a porta; de termos alguém mascarado de preservativo a invadir o nosso quarto saltitando e dizendo alegremente “Vou-te penetrar, vou-te penetrar” (se bem que sempre era mais animado do que as constantes exigências da Ju com “o dinheiro? Quando é que pagam?”); de aparecer um papel com “nhecos” por baixo da porta; ou, para cúmulo dos cúmulos, de termos acordado com a bela surpresa de meia sardinha se aconchegar nas nossas almofadas...

A alvorada já estava impregnada nos organismos de todo o grupo para perto do meio-dia. Seis horas de sono por cada dia eram sufieicentes para abafar ressacas e abastecer com ainda mais energia, tal que ao acordar eu já saía da cama a dançar, cada dia uma música diferente.

Depois de uns mergulhos na piscina para acordar de vez, toca de entrar nos carros. Gente com olheiras, toalhas trocadas, sandes de pasta de atum e 5 litros de água que acabavam por se revelar insuficientes. No carro da Bekas, claro, cantam-se os Anjos novamente.

Praia da Falésia, centro da dificuldade do estacionamento. Assim que atravessavamos a pequena ponte seguíamos directos, em passo lento (ora efeitos da ressaca, claro está), para o espaço entre as torres 4 e 5 (quem é socialmente integrado em Vilamoura familiarizar-se-á com estes códigos). Alguns, convencidos que ainda possuíam muita energia acumulada, corriam para a areia molhada da maré vazia e jogavam uma partida de vólei. Quando uma infeliz rapariga tentava participar da excelente partida, o Miguel não hesitava: “’Tás a atrofiar esta merda toda”. Mal o calor apertava, era inútil a quem quer que fosse molhar-se devagar: Xico e C.ª corriam e chapinhavam dentro de água como se tivessem o rabo a arder. Só quando acalmavam é que se tornava exequível uma ou outra luta de cavalitas, mas sempre num frenezim que só visto... e relembrando...

Da água para as toalhas. Ao ver todos os presentes, a Joana, depois de verificar se as “bubs” estavam no seu devido lugar, não resistiu a atribuir o nome zoológico a cada membro do grupo: Tiago, a foca; Hugo, o preguiça, “bem patente”; Débora, a caturra; Miguel, a chita; Rita, a elegante lontra; os animais marinhos, Zé, o camarão-tigre e Bekas, a gamba; Tita, a orca assassina, junto do João, o urso polar; Manel, o bizonte; Pedro, o pavão; Xico, o porco; Carolina, o flamingo e, claro, a Ju, “esbelta sereia”, como foi referido. Se alguém criticava as suas metáforas ou fazia algo que não fosse do seu agrado, ouvia na certa “Mas queres apanhar?!”

A fome aperta. É caso para dizer: “ouvido que ouve, estômago que ronca”. Efectivamente ouviam-se a toda a hora os gritos comerciais: do lado masculino, “a menina bonita não paga!, mas também não come!” e do lado feminino “olha a bolinha da Elizaaaaabete! Quem prova, repete!”.

E assim se comia, dormia, jogava, passeava o corpo e olhar, enfim, assim passava um dia de praia o grupo maravilha. No regresso a casa, por entre “Perdoa’s” na óbvia viatura Bekóide, soltavam-se gritos pela janela, assustando toda a gente por quem se passava. Vários “Aaaahhhhhh!!!” que também contribuíram para a rouquidão das meninas.

Já em casa, querendo ou não, ninguém escapava à piscina. Com comida, com toalha, com roupa, com sapatos, com óculos, até com chaves e telemóveis, tudo acabava posto à força dentro de água. Foi assim que assistimos ao final triste de dois telemóveis... defuntos. O do Hugo, baratíssimo, ainda sofreu uma espécie de cirurgia de emergência via secador-de-cabelo... mas em vão; em contrapartida, o do Miguel, mais modesto, conseguiu ressuscitar através do mesmo meio.

O fim da tarde passava por diversas actividades. Enquanto na piscina já só jazia o jornal Público graças ao vendaval que por vezes se levantava, uns resolviam ir à Marina no Mini do Hugo com o “Ai Puto” em volume ensurdecedor, ora para passear, ora para comer um gelado na Veneza, ora para comprar bilhetes para o Slide&Splash. Outros preferiam o ambiente caseiro: o Pedro recebia cafuné da Carolina e esta, mais tarde, recebia da Tita massagens no tendão. Na piscina, os dois Xicos brincavam alegremente à baleia branca. No interior, à mesa, lutava-se por ganhar todos os discos do Party&Co ou por não se ser o olho do cu. No intervalo, Ju e as meninas conseguiam espaço para jogar a um “stresszinho” rápido.

No corredor, como habitualmente, um ou outro mais redbullado dançava sem parar ao som dos belos cd’s da autoria do Pedro e do Manel, um som de resto sugestivo à “bela da pin*cada” mas que, definitivamente, não agradou aos restantes e permaneceu paciente no ar.

Isto ao fim da tarde. O sol punha-se e as energias revitalizavam-se. Depois do banho, a preparação do jantar, as questões habituais, o comer, o beber, o vestir e o sair para divertir. Na volta dormia-se, acordava-se e visitava-se a praia até à hora de regressar à rotina caseira de final-de-tarde. E o ciclo repetia-se.

Pin*cadas, pinóquios, pinoqueiros/as... todos regressaram (ou pelo menos se separaram) no dia 7 de Agosto. As noites mal dormidas, as noites de dança mais ou menos equilibradas, as noites de copos bem bebidos, os dias de praia, os dias de ressaca, os dias de horas de minutos de segundos que formaram os pequenos momentos desta grande semana... acabavam ali, naquela manhã quentíssima em que cada um foi para o seu canto. Cada um, certamente, com essas “pequenas” coisas a matutarem na cabeça. Muitos deles, na ânsia de repetir tudo isto, passaram o resto do mês a esquematizar uma forma de reviver a dose de loucura. Ainda passámos noites sociais em S.Martinho do Porto, ainda vimos uma clavícula partida, ainda mantivemos contactos com aqueles que continuavam as suas férias num e noutro sítio... e ainda nos aventurámos na suposta festa de encerramento do Klube que acabou por ser na Casa do Castelo. Mas nada como AQUELES dias, do primeiro ao último, TÃO registados. Para o ano há mais, you know?!

Adorei...
Adoro-vos.

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sábado, setembro 11, 2004

The September Eleventh 

[escrito a 8 Dezembro, 2002]

«Agora, a seguir ao almoço, começou a dar na Sic Notícias uma reportagem sobre o Jornalismo, no sentido de existir na hora certa, no lugar devido. E falaram no 11 de Setembro.

Nunca cheguei a escrever sobre este fatídico dia; de resto isso não significa que ele não me tenha afectado, porque até hoje me arrepia.

As imagens que chegam às nossas televisões e jornais não passam de meras tentativas de verosimilhança - e a verdade é que elas me chocam, me sensibilizam e me angustiam, apavoram. Todavia julgo impossível que essas imagens algum dia tenham em mim o mesmo impacto que tiveram para os milhares de pessoas que presenciaram o momento, que viram tudo, ali, a olho nu.

Todos levavam a mão à boca, de cabeça inclinada para cima, com os olhos postos naquele ponto tão alto (para quem não teve oportunidade de conhecer, acreditem... era MESMO alto) onde, ao que tudo indicava, já naquele momento, o mundo passara a ser diferente. Todos estupefactos, apenas um ou outro não tinha os olhos a brilhar. Em muitos as lágrimas caíam imparáveis e as vozes trémulas gritavam desesperadamente apelando não mais que a Deus, tal era a inutilidade que cada um sentia naquelas ruas de Manhattan, perante duas magnificientes torres... que agora ruíam, frágeis, rendidas ao pior dos sentimentos.

Até hoje ninguém consegue passar indiferente à imagem de dois aviões a embaterem (!!!) contra dois edifícios. É impossível esquecer, porque depois de cada embate vieram as chamas, os gritos, os destroços, os saltos desesperados (tantos!...), as sirenes, as câmaras que pensavam captar algo que ficasse na memória... Quando, no fundo, nada seria necessário, afinal, WE WILL NEVER FORGET.

E, logo depois, o silêncio destroçado, uma tristeza e revolta infinitas, um olhar molhado sobre a tragédia, os escombros e a perda monstruosa que ali, por todos, de uma forma ou de outra, foi sofrida.

Inigualável.»
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segunda-feira, setembro 06, 2004

Até certo ponto, são parvoíces 

Eu sou suspeita porque sempre tive a mania de olhar para folhas em branco, de querer caixas de lápis de cor da Carand'ache com pelo menos 80 unidades. O certo é que tenho 19 anos, já estou feita uma mulherzinha na faculdade :P e, ainda assim, tenho andado numa impaciência ansiosa para sair à rua comprar cadernos, canetas, organizar tudo e pôr de parte os apontamentos que sobreviveram do ano de caloira para agora dar aos meus afilhados :).

O problema é que terei de manter-me enclausurada por mais uns dias a estudar aquilo que deveria ter estudado no ano passado. Confesso, insistentemente, para que me pese bem a consciência, que o meu 1.º ano de faculdade não rendeu em NADA. Mas agora, e a pedido de muita gente, o optimismo invadiu-me e estou cheia de força de vontade para me empenhar, acordar sorridente mesmo que o telemóvel silencie (sim, quão fútil eu sou!)... portanto quis partilhá-lo. Só receio que dure mais do que um mês, afinal não quero voltar a ser tão diletante.

Não deixa de ser uma luta tortuosa pegar nos livros para 3 exames, quando passei um ano quase sem ler ou estudar e umas férias em que menos ainda me lembrei o que isso era. Portanto é melhor ir que tardar, vou voltar ao sofá, rodeada das minhas folhinhas.

A propósito, gentes algarvias, julgo já ter dado razões mais ou menos plausíveis para justificar o atraso na publicação do texto sobre Vilamoura. Mas prometo, está para breve.

[Mais uma vez a falar de mim... que vergonha. Desculpem.]
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quinta-feira, setembro 02, 2004

Digam-me, vocês que me conhecem... 

...Acham que eu tenho dupla personalidade?
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quarta-feira, setembro 01, 2004

Aproxima-se 

(O mês de Setembro passa num instante. Entre inscrições, estudos, exames, projectos em mente e outros em secretarias de diferentes centros de actividades, enfim burocracias que a dada altura já enervam qualquer um, os dias correm. Portanto...)

Vem aí o Outono. Dias de humidade, em que temos frio de t-shirt e calor de camisola, em que o cabelo faz caracóis que nos deixam de mau-humor, em que cai aquela chuva molha-parvos, em que começa a custar sair da cama tão cedo e com tanto frio, em que às cinco da tarde escurece, em que o bronze desaparece de vez e a gordura acumula mais facilmente.

Pelo meio, a azáfama que retoma à rotina, os compromissos, os nervos, as responsabilidades. À noite só nos resta o apetite, uma ou outra saída com mais ou menos companhoa, com melhor ou pior companhoa. Cansaço que chega cedo, projectos que começam a desvanecer, o dinheiro que não aparece para comprarmos uma ou outra pecinha de roupa para nos alegrar o dia.

Desculpem se transmito pessimismo. Mas acho que não estou mesmo preparada... pelo menos como no ano passado.
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