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um blog de desabafos, alegrias e tristezas, revoltas e euforias, o meu espelho, com uma (agora) pitada de diletantismo.

quinta-feira, setembro 30, 2004

Cabecinha 

Acho que isto é, de certa forma, um segredo meu. Mas a cabeça às vezes explode...

Teimo em pensar em coisas que teimo em achar que não lembram a ninguém mas sobre as quais teimo em acreditar que não posso ser a única a pensar.

Penso na vida.

Penso constantemente no grau de transparência com que transporto o que sou para aquilo que exteriorizo e que os outros acabam por perceber de mim. "Os outros", sim, aqueles que todos dizem que não interessam mais do que nós mesmos mas que no fundo são os que nos criam, que constroem o todo que nós somos. Como dizia a minha Prof. de Português no Secundário, Mariana Moura (aquela com quem impliquei por não me dar mais de 16 e a quem até hoje não fui capaz de confrontar com o meu 18 no Exame Nacional, mas... o certo é que me lembro dela com grande consideração), a propósito da abordagem d'OS MAIAS, "o meio é que constrói o indivíduo" e, como também afirmou a minha Prof. de Sistémica e Modelos de Informação, Graça Simões, "o todo é mais do que a soma das partes".

Quero eu com isto dizer que os outros fazem o que sou hoje mas a minha essência, por assim dizer, é só minha... fui eu que a construí por mim própria, não sei se por aprendizagens, ou se inata, genética... não sei. Não sei mas assusta-me a hipótese de que eu não tenha a minha essência consolidada (daí aquela turva pergunta, se vocês, "os outros", achavam que eu tinha dupla ou múltipla personalidade...), de que eu não me conheça de todo, e sobretudo que os outros não olhem para mim achando que tenho algo mais para dar, ou que sou uma pessoa diferente consoante as companhias com quem estou.

Sinto isso, por exemplo, com a minha Família. A minha Família sabe que eu não uso as mesmas expressões, os mesmos sorrisos, a mesma cabeça cabisbaixa ou sobretudo os mesmos assuntos quando estou com ela ou com os meus amigos. Em todo o caso, não considero isso positivo nem negativo. Porque no fundo acho que, pelo menos os meus Pais, conseguem de alguma forma ver em mim o esforço em ser uma pessoa prestável, sensata, boa e... sensível. E é isso que não sei se "os outros" vêem.

De qualquer forma não foi isto que me levou a escrever. Aliás, não sei ao certo o que vim aqui expor. Nem tão-pouco sei porque me exponho. Nem quem se interessa pela minha exposição.

Vim mais porque tenho tido daqueles dias que propiciam uma enorme diversidade de sensações. E elas confundem-se, perguntando-me se eu serei de facto multifacetada (em grau elevado) ou se é simplesmente normal pensar as coisas. É, eu de facto vou admitindo que tenho a mania de reflectir sobre pontos ínfimos, observações simples, julgando na minha presunção que mais ninguém se preocupa com o mesmo.

Não gosto do que estou a dizer.

Em termos práticos, simplesmente têm surgido dias de maior e menor motivação na sala de aula, convívio entre colegas, crença num futuro realizado, tolerância no ambiente familiar, lucidez nas decisões do quotidiano, força de vontade e bom-senso no empenho, rigidez na reflexão de sentimentos, compreensão dos últimos "frios na barriga", prestatibilidade nas ocasiões certas, versatilidade nas posições casa/escola/trabalho, correcção na avaliação de atitudes... enfim, uma salganhada de embróglios atrapalhados a amontoar-se e acotovelar-se na azáfama da minha incoerente, inexpressiva, incompreendida e incompreensível... cabecinha.

Falhou-se-me o fio à meada. Hei-de tentar melhor que isto.

(Perceberam? A minha essência é exactamente querer pensar primeiro que os outros e desistir quando realizo que os outros também pensam, reduzindo-me à minha insignificância e incapacidade de expressão.)
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