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um blog de desabafos, alegrias e tristezas, revoltas e euforias, o meu espelho, com uma (agora) pitada de diletantismo.

quarta-feira, novembro 17, 2004

Médicos - malditos?! 

Ontem até estava a elogiar o carácter não muito dramático da reportagem da TVI sobre as Urgências no Hospital de Sta. Maria...

...e eis que tudo se inverte quando oiço uma doente (ou melhor, utente, não se vá desligar do serviço burocrático que, afinal, é aquilo de que eles se queixam sem saber), até bem jovem, dizer: "isto não se admite... a gente esperamos, esperamos, e os médicos lá estão, sem fazerem nenhum".

Explodi. Pensem lá o que quiserem, se acham que eu só digo estas coisas por a minha Mãe ser médica. Tudo bem, tem a sua influência, mas também me dá garantias do que digo, porque sei bem que a minha Mãe não é a única médica que muitas vezes trabalha das 9h da manhã às 10h da noite. "Os médicos trabalham pouco e ganham muito", dizem outros. Tudo bem: uns ganham; outros, acreditem, nem tanto. Todavia, mesmo aqueles que ganham rios de dinheiro, ganham-no com muito, senão o maior mérito de todos os ofícios. Estudaram anos e anos, o dobro ou o triplo do tempo que essas "utentes" estudaram. Muitos tiveram de trabalhar arduamente para pagar livros, que cada um chega frequentemente aos 100€. Dedicaram-se de corpo e alma aos livros, à compreensão do corpo humano, noites a fio, incluindo aquelas em que os "utentes" estavam na farra a divertir-se.

Portanto, se hoje todos estes Doutores tiverem a sorte de ganhar bem, não digam que eles não merecem. E, ainda que haja uma mínima fracção de médicos que não trabalhem muitas horas por dia, cada minuto que eles gastam a aconselhar os seus doentes equivale a muitas horas de estudo e dedicação - para ajudar muitos daqueles que insistem em dizer mal deles.

Negligência médica, essa é outra. Muito boa gente persiste em não se lembrar que os médicos não são máquinas, são seres humanos que, tal como esses utentes, têm o direito de errar. Com certeza não erram numa cirurgia voluntariamente; antes moem esse infortúnio para o resto da vida. Se um dia essa gente da função pública tiver dores de cabeça e exigir baixa (partindo até para a violência, e acreditem que sei do que falo) para não trabalhar, ou simplesmente chegar às 17 horas e disser "vou-me embora, não sou paga para estar aqui mais tempo", parem para pensar: um médico, ao ver gente a morrer, vai para casa?

Se as pessoas esperam horas e horas nas salas dos hospitais, não é porque os médicos estão nos seus gabinetes sem fazerem nenhum. Aliás, desdobram-se para atenderem ao maior número de pessoas mas preferem sempre fazer tudo com calma, para um dia não os acusarem de negligência. A questão é muito simples: não há médicos. Ou esquecem-se que todos os que aspiram a esta profissão, têm de se desfazer em sacrifícios (e tantos que não conseguem!...) para conseguirem entrar na Faculdade de Medicina? Porque não há lugares? É tudo questão de burocracias: bastava terem construído dois estádios a menos para o Euro 2004 e já haveria um "depósito" para todos esses jovens que aspiram, por todos os meios, alcançar um dia esse ofício tão mal respeitado.

Sabiam que os médicos portugueses estão entre as cabeças de lista dos melhores de toda a Europa e até mesmo do Mundo?

Queridos "utentes", este assunto definitivamente deixam-me em transe. Sabem o que vos digo?
Quando tiverem problemas de saúde, seja por necessitarem de um atestado para fazer exercício físico, seja porque andaram a fazer asneiras nas estradas e se espetaram... olhem, mais vale irem para casa e não recorrerem aos hospitais e aos médicos, já que não gostam deles.
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