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um blog de desabafos, alegrias e tristezas, revoltas e euforias, o meu espelho, com uma (agora) pitada de diletantismo.

segunda-feira, julho 18, 2005

entre o Pe. Francisco Nunes e o menino Afonso 

"Sabes, o Schopenhauer via o mundo como uma coisa cruel, um local de sofrimento em que para viver e' preciso matar. Por exemplo, a todo o momento os animais estao a matar outros animais, sao milhares e milhares de mortes por segundo em todo o mundo. Vae victis. Para que um u'nico animal carni'voro viva durante um ano, uma centena de animais tera' de morrer de modo a alimentar esse u'nico sobrevivente. E para que um u'nico animal herbi'voro viva durante esse mesmo ano, muita vegetacao tem de morrer para lhe dar de comer. Por outro lado, as pro'prias plantas vivem 'a custa do apodrecimento da carne dos animais e dos resos das outras plantas. Ou seja, a vida alimenta-se de muita morte. Dura lex sed lex. Schopenhauer achava que o mundo dos homens obedece 'a mesma lei, os seres humanos vivem uma vida de sofrimento em que os homens sao escravos das suas necessidades e desejos. E'uma vida feita de violencia, de frustracoes, de dor, de doencas, de medo, de escravidao, de luta, de vito'rias efe'meras e derrotas permanentes, e' um processo de perdas constantes e sucessivas, e o pior e' que tudo isso acaba sempre mal, a vida termina invariavelmente com a perda final, a morte, na nossa existencia nao ha' fins felizes."
- Considera isso verdadeiro?
"De certo modo", disse o mestre. "Viver e' sofrer. E o que e' mais curioso e' que, apesar de ser um constante sofrimento, nos agarramo-nos 'a vida com todas as nossas forcas, como se fosse o maior tesouro, a coisa mais preciosa. Mas a vida esta' sempre in articulo mortis. Ela foge-nos, escapa-se-nos como agua entre os dedos, morremos a cada respiracao, a cada palavra, a cada olhar, momento a momento encurta-se a distancia que nos separa do nosso fim, nascemos e ja' estamos condenados 'a morte. A vida e' breve, nao passa de um instante fugaz, de um brilho efe'mero nas trevas da eternidade."
in A Filha do Capitão, José Rodrigues dos Santos
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